Doação legal de campanha eleitoral sempre foi propina. E o Brasil finge que não sabia

Por Anderson de Souza
anderson@muitoparana.com.br

Apontar o dedo para dinheiro legalmente doado em campanha (caixa um) para qualquer candidato ou partido do nosso País é ridículo. É bom lembrar que a regra do jogo era essa e com a total cumplicidade da justiça – ou você acha que os juízes, o Ministério Público e ministros do STF não sabiam da relação asquerosa entre políticos e empresários brasileiros?

Não é o caso de defender a classe política e seus generosos doadores, mas é o caso de refletir que essa prática era sistêmica e dentro da lei.

É espantoso que somente agora o povo brasileiro se deu conta que empresas doavam com segundas intenções. Obviamente, que nas eleições anteriores, qualquer candidato poderia negar doação de dinheiro de qualquer espécie para suas campanhas. Eles sabiam que empresas doavam para que os políticos pudessem agir conforme seus interesses corporativos. É o famoso “uma mão lava a outra”.

Mas sejamos sinceros: qual candidato negaria o dinheiro doado em campanha? Você como candidato a qualquer cargo no executivo ou legislativo, negaria?

Campanhas sempre foram muito caras e envolvem diversos materiais, serviços e pessoal para pagar; isso quando o custo não agrega até mesmo compra de votos em forma de cestas básicas, dinheiro vivo ou outros benefícios. Triste realidade. Todos testemunhamos vários casos desses por meio da imprensa ou até mesmo em nossa vizinhança.

Por outro lado, mesmo que o político não atendesse aos interesses de seus doadores de campanha, estava implícito que a contribuição era um álibi para que ele agisse em prol do doador corporativo.

É sério que alguém achava que a JBS e a Odebrecht estavam alinhados com as ideologias e projetos de determinados candidatos ou candidatas? A realidade é que a maioria dos empresários são alinhados com o lucro de suas empresas e com o crescimento de seu ramo de atividade; isso quando não querem esmagar o concorrente.

A prova disso é que esses “benfeitores” nunca se importaram quem ou quais partidos recebiam os seus preciosos donativos. Todos ganhavam deliberadamente. Não nos façamos de desentendidos, esses valores sempre estiveram especificados em todas as declarações financeiras de campanhas – a grande parte delas aprovadas pela justiça eleitoral.

Você pode concordar ou discordar com a doação de qualquer natureza para campanhas políticas. No entanto, apontar o dedo para o caixa um é, no mínimo, ingenuidade.

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