Por Anderson de Souza
Brasil vai aprender muito com a nova prisão do ex-ministro petista José Dirceu. Pela primeira vez em nossa democracia os criminosos do colarinho branco estão pagando pelo que fazem e respondendo, sem regalia alguma, perante a Justiça. É lógico que a delação premiada não é o melhor instrumento para se levar em conta no âmbito judicial; sempre é importante a apresentação de provas e não somente o testemunhal.
No entanto, o amadurecimento natural da sociedade brasileira é percebido e provavelmente a operação Lava Jato será um divisor de águas em nossa história. Isso é fruto de nossa conquista coletiva e não tem nada com partido político algum.
A prisão de Zé Dirceu é simbólica porque os políticos sabem que agora podem realmente serem detidos. No entanto, é importante ressaltar que alguns corruptores foram presos e estão tendo que se explicar perante a justiça. Isso é inédito em nossa república.
Não esperávamos que grandes construtoras e empreiteiras – que antes se vangloriavam como “os construtores do progresso tupiniquim” -, iriam ver seus administradores, gerentes, CEO’s, dirigentes e presidentes atrás das grades no que pode ser o maior escândalo de corrupção do planeta, apelidado de “Petrolão”. Esse pessoal era tido como exemplo de gestão de empresas, baluartes do empreendedorismo e expoentes do sucesso. Pura balela.
É bom lembrar que muitos deles eram figurinhas fáceis em capas de revistas como Época Negócios, Você S/A, Forbes e outras publicações do gênero. Eles nunca me enganaram.
Com a operação Lava Jato, estamos vendo o rico tendo que pagar ‘quase’ como o pobre – o que já é um avanço em nossa novata democracia.