A Biblioteca Pública do Paraná abre as inscrições para a Oficina de Contos com o escritor Nelson de Oliveira. O curso será realizado nos dias 19, 20 e 21 de setembro, das 14h às 17h. As inscrições, gratuitas, devem ser feitas até 3 de setembro por meio do formulário disponível abaixo.
Os interessados devem enviar um breve conto — de uma lauda. Oliveira vai selecionar 15 pessoas. Mais informações (41) 3221-4974.
De acordo com o escritor, o curso vai estimular a criação de ficções breves a partir de exercícios dados em sala e da análise dessas expressões em prosa — levando em consideração o que de melhor se publicou na literatura mundial. “Trata-se basicamente de treinamento da sensibilidade, da escrita e do senso crítico, mas em grupo, contando com a leitura e o comentário cuidadosos do coordenador e de outros leitores-escritores”, diz o autor.
Nelson de Oliveira
Nelson de Oliveira nasceu em Guaíra (SP) em 1966 e, desde 1985, vive em São Paulo (SP). Em 1989, após participar de uma oficina literária ministrada pelo escritor João Silvério Trevisan, foi selecionado para uma bolsa da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, com a qual escreveu os contos de Fábulas.
O livro recebeu o Prêmio Casa de las Américas e foi lançado em Cuba em 1995. Desde então, o escritor já publicou livros de contos, entre os quais Os saltitantes seres da Lua (1997), Naquela época tínhamos um gato (1998) e Algum lugar em parte alguma (2005), além dos romances Subsolo infinito (2000), A maldição do macho (2002), O oitavo dia da semana (2005), entre outros títulos. Organizou antologias, entre as quais Geração 90 — Contos de computador (2001) e Geração 90 — Os transgressores (2003), obras que colocaram em evidência autores que se firmaram no meio literário, como Marcelino Freire, Altair Martins, Marcelo Mirisola, entre outros.
Serviço
Oficina de Contos com Nelson de Oliveira
Dias 19, 20 e 21 de setembro, das 14h às 17h, na Biblioteca Pública do Paraná (R. Cândido Lopes, 133 — Curitiba/PR)
Inscrições, gratuitas, até 3 de setembro
Mais informações: (41) 3221-4974
Foto: Tereza Yamashita/Divulgação BPP
O ONANISTA
Fala o onanista pelo falo: já tocou umas em todo lugar, no ônibus, parque, carro, morro, praia, piscina, todo canto da casa. Às vezes precisa VER, noutras só imagina. Manipula a imaginação com tudo o que perverte. Por exemplo, imagina e acredita que a menina nua na revista deu para o fotógrafo. Enxerga a atriz da novela dando para o diretor para conseguir o papel. A apresentadora do telejornal sendo currada por 3 negões. Sua vida resume-se a 6 partes femininas: boca, boceta, bunda, coxas, cu, peitos (não necessariamente nessa ordem, quando a pedida é variar). Mãos, pés (das mulheres, claro, pois já tem os seus), só quando está cheio de tudo.
Às vezes é até requintado nas suas fantasias: a moça da padaria, ingênua e de uma beleza maltratada, imagina ser fácil atraí-la com qualquer papinho superficial (seria vulgar, falaria até errado para conseguir sua atenção) e enquanto a come (em sua cabeça) pensa o quanto ela é bobona. Enquanto se convulsiona, lembra o seu cabelo despenteado (talvez com algum resquício de massa de pão ou doce), o seu perfume vulgar, adocicado, da Avon ou da Christian Gray.
Sábado, em casa assistindo o programa de auditório, ou melhor, as dançarinas bamboleantes, suculentas em roupinhas sumárias. Não vai mais ao banheiro, não precisa mais se esconder, não há mais a família. Descasca uma, duas, três. Esgota-se. É um espremer doido de esperma. Louco assassino de bilhões. Viciado, Torpe, doentio. No inferno há de nadar-danar nos seus rios de esperma desperdiçado. Bicho estapafúrdio de cineantros pornôs e privés. Sempre atrás do último lançamento do porno-star nacional. Viciado nos Buttmann da vida.
Culto também na tradição: John Holmes, “O homem das 13 polegadas e meia”, “Garganta profunda”, Long Dong, Samantha Fox, Tracy Lords, Sílvia Saint, Sandra Morelli. A sua grande frustração de amante ardoroso da punheta é a indústria da boca do lixo nacional não ter alcançado o luxo atual e feito películas com as cobiçadas famosas da época, rainhas do erótico simulado das pornochanchadas da Vera Cruz, dos motivos Rodriguianos, mas a um passo do sexo explícito, como Matilde Mastrangi, Zilda Mayo, Aldine Müller, Vera Fischer, etc, quase, quase. Só pegaram de lá a Gretchen, já sem aquele sex appeal.
Será sempre o “sem mulher” e “sem filhos”, prefere acabar-se solitário, de vez em quando com uma puta, pois Chronos é o arquétipo de sua angústia, o pau decepado pelo filho Zeus, jorrando porra louca pelo universo que forma deuses. No inferno há de nadar-danar no seu Letes de esperma desperdiçado. Purgando até a última gota, envelhece no xadrez o onanista lendo Complexo de Portnói, de Philip Roth.