Parcerias entre os Mutantes e Tim Maia nunca chegaram ao grande público. Mas ao menos uma foi enviada em 1971 à Censura Federal, que aprovou a gravação. Uma folha submetida ao órgão com a letra de “Quero Mais Dinheiro”, assinada pela banda e pelo cantor, circula em comunidades sobre música brasileira no Facebook. A origem do papel é o site do Sistema de Informações do Arquivo Nacional (SIAN), com mais de um milhão de documentos.
Segundo o Estadão, todos os integrantes dos Mutantes à época – Arnaldo, Dinho Leme, Liminha, Rita e Sérgio – foram contatados diretamente ou por meio de assessores. Nenhum deles se lembra da música e em quais circunstâncias ela foi feita. Muito menos de um registro. Mas “Quero Mais Dinheiro” está preservada nos arquivos da gravadora Universal Music, detentora do acervo da PolyGram. Se houver autorização dos cinco e de Carmelo Maia, filho de Tim que administra o espólio do cantor, a faixa pode ser lançada.
Quem confirma a existência da gravação é o pesquisador Marcelo Fróes. Ele assinou a produção executiva de Tecnicolor, álbum que os Mutantes gravaram na França em 1970 e que saiu 30 anos depois. Com livre acesso ao arquivo da Universal, ele ouviu outras fitas de 4 e 8 canais com material bruto do grupo e se deparou com “Quero Mais Dinheiro”.
A música é uma paródia de Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar), grande sucesso de Tim, e é sobra das sessões de estúdio do disco Jardim Elétrico (1971).
Autora de Discobiografia Mutante – Álbuns que Revolucionaram a Música Brasileira, que conta a história dos discos da banda, a jornalista Chris Fuscaldo cita a existência de Quero Mais Dinheiro no livro. Mas ela somente teve acesso à letra após ser consultada pela reportagem. “Acho importante o resgate desse registro e uma campanha para que a faixa seja lançada em alguma plataforma.”
A letra de Quero Mais Dinheiro
Já é tempo de resolver
Nunca é tarde pra aprender
Que ser pobre, não vale a pena ser
Um anel de brilhantes
Pra menina que eu sempre quis
Um palácio
Tal (sic) bacana a vida pode ser
Quero mais dinheiro
Até hoje não vi ninguém
Que já foi pobre e virou alguém
Não ser mais feliz
Do que aqueles que já nasceram reis
Quero mais dinheiro