As transmissões por qualquer plataforma, da série A do Brasileirão, não são baratas. Muitíssimo pelo contrário.
Esse é um jogo para quem tem cacife e para quem tem plenas condições de acertar patrocínios e parceiros comerciais capazes de bancar com esse custo. Tal custo é estratosférico pois, além do pagamento pelo direito de transmitir, há uma infinidade de outras situações que precisam ser contabilizadas. Logística, recursos humanos bem caros (narradores, repórteres, comentaristas e toda a equipe técnica), aparelhagem, enfim.
Obviamente o produto futebol também retorna com exposição aos anunciantes em volume que nenhum outro produto retorna. Incontáveis são as marcas que querem se associar ao futebol para que suas imagens sejam exibidas pelo Brasil todo e fixadas, mesmo que inconscientemente, na cabeça de seus consumidores.
A Globo navegou nesse mar por décadas. Ganhou muito e muito dinheiro, principalmente por conta da exclusividade de transmissão. Navegava em mares tranquilos e sem nenhuma outra “embarcação” que a atrapalhasse. Escolhia o que era melhor para ela e que nem sempre era melhor para o futebol e nem para os clubes.
Com a novidade das duas ligas que foram formadas (que hoje ainda só existem para negociar os direitos financeiros das equipes que as compõem) abriu-se uma brecha. E aí a Amazon entrou na “brincadeira”. Pagou o preço que lhe pediram para poder ter uma partida de série A, por rodada, transmitida com exclusividade.
Só que aí entra o “sobrenatural”. Quem monta a tabela do torneio é o departamento de competições da CBF. Existem horários muito mais nobres, de muito mais exposição midiática e outros horários bem menos atrativos.
Por total “coincidência” os jogos da Amazon sempre caem para domingo as 20:30. Horário que nem de longe é o mais bem remunerado pelos anunciantes. Ruim para público em estádio e para público em casa.
Não sou executivo da Amazon, mas quero crer que é muito mais fácil vender publicidade para jogos de quarta à noite ou domingo às 16:00. Esses sempre serão os horários premium.
Isso me faz pensar o seguinte: a estratégia da Globo (que tem muito poder junto à CBF) é fazer com que o inimigo desista pelo cansaço. Já que ele ganhou/comprou um pedaço das minhas transmissões, que esse pedaço não seja o filet mignon e que não o remunere adequadamente. Assim, na próxima oportunidade, ele pensará duas vezes antes de vir concorrer comigo…
O sistema é assim. A briga é de cachorro grande. Se for entrar nessa briga, saiba que muitos interesses serão atingidos. E aí quem tem mais bala na agulha ganhará!